Greenpeace divulga relatório reunindo resultados de pesquisas que mostram impactos dos herbicidas à base de glifosato



Para quem acha que veneno é água...





Leitura boa para quem gosta de repetir que o glifosato é um agrotóxico seguro e que em 15 anos de uso comercial até hoje não se tem notícia de nenhum problema causado pelas sementes transgênicas.


 


O relatório traz em detalhes evidências que demonstram que os produtos à base de glifosato podem ter efeitos adversos sobre a saúde humana e animal, e que sua reavaliação toxicológica deve ser realizada com urgência. No Brasil, o produto está entre os 14 ingredientes ativos ora revisados pela Anvisa, apesar dos percalços perpetrados por ruralistas e seus apoiadores no Congresso e no governo.


 


Produtores e meio ambiente estão expostos diretamente ao veneno, mas indiretamente ele chega aos consumidores via alimentos contaminados. O relatório aponta que os limites máximos permitidos de resíduos foram definidos pelo Codex Alimentarius da FAO e OMS, mas questiona o fato de eles terem sido calculados mais com base em certas práticas agrícolas do que em valores que assegurem a saúde humana. É o que se vê aqui. O limite de resíduos permitido na soja foi multiplicado por 50 e o do milho por 10, pelo governo brasileiro, quando essas plantas transgênicas foram liberadas. Sem qualquer justificativa técnica.


 


Treŝ principais problemas de saúde são listados.


 


O nascimento de bebês defeituosos na província do Chaco, na Argentina, quase quadruplicou entre 2000 e 2009. A região é grande produtora de soja. Efeito semelhante foi observado em paraguaias expostas ao herbicida durante a gestação.


 


Estudos publicados demonstram vários efeitos endócrinos em animais e células humanas associados ao glifosato, fazendo com que ele seja visto como potencial disruptor endócrino.


 


Outras pesquisas vinculam a exposição ao glifosato com o surgimento linfoma não-Hodgkin, espécie de câncer no sangue. Ademais, existem evidências de que o produto pode afetar o sistema nervoso e, assim, estar implicado com o mal de Parkinson.


 


Do ponto de vista ambiental, pesquisadores independentes vêm demonstrando que a dupla soja transgênica mais herbicida Roundup reduz a absorção de micronutrientes, essenciais para o crescimento das plantas, reduz a fixação biológica de nitrogênio do ar, que dispensaria nitrogênio químico, e aumenta a susceptibilidade das plantas a doenças.


 


O desenvolvimento acelerado de mato resistente ao glifosato é um dos efeitos mais documentados nesses 15 anos de cultivos transgênicos e um dos fatores que mais atormentam os agricultores, que, segundo as empresas, seriam os maiores beneficiados pela tecnologia. São mais de 20 espécies de plantas, distribuídas em mais de 100 biotipos, que não são mais controladas pelo agrotóxico, principalmente na América.


 


Além dos efeitos decorrentes de sua introdução no meio ambiente e uso em escala, o estudo ainda lembra um problema inerente aos organismos transgênicos, que é a imprecisão do método de transferência de genes e a possibilidade de que se produzam efeitos indesejados ou não-intencionais. Esses são descartados pelos órgãos reguladores pois seriam muito custosos ou difíceis de testar ou prever... Aí prevalecem os interesses de mercado.


 


Por fim,o Greenpeace chama atenção para o fato de que os transgênicos estão intrinsecamente ligados a práticas agrícolas insustentáveis que prejudicam os recursos naturais, sobre os quais se assenta a própria produção agrícola. Por esse motivos, e pelos demais impactos descritos no estudo, a organização defende que o cultivo das plantas transgênicas deveria ser proibido.


 


 


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Disponível em espanhol na página do Greenpeace ; o original em inglês pode ser obtido em:http://www.greenpeace.org/argentina/es/informes/Herbicide-tolerance-and-GM-crops-/


 


 


"O Veneno está na mesa", documentário do cineasta Silvio Tenlder está disponível para download em http://www.soltec.ufrj.br/


 


 


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1. Anvisa autua 4 fabricantes de agrotóxicos


 


Basf e Servatis são processadas; Vigilância Sanitária diz ter identificado reprocessamento de 113 mil litros de defensivo


 


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autuou na semana passada as empresas Basf e Servatis por participarem de uma operação para reintroduzir no mercado, supostamente sem controle, agrotóxicos vencidos ou próximos da data de vencimento. A agência diz que identificou o “reprocessamento” de pelo menos 113 mil litros do defensivo Opera. O material, estimado em R$ 7,7 milhões, já estaria em postos de venda.


 


As duas empresas autuadas responderão a um processo administrativo sanitário. Elas estão sujeitas ao pagamento de multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. A Basf e a Servatis têm 15 dias para apresentar a defesa. Usado principalmente na cultura da soja, o Opera é um dos principais produtos da Basf, uma das líderes do mercado de agrotóxicos.


 


O reprocessamento foi identificado em uma fiscalização de rotina há duas semanas na Servatis, em Resende (RJ). Foi constatado que a Basf encaminhava à Servatis o material vencido para reprocessá-lo.


 


A empresa contratada era encarregada de tirar o produto das embalagens e colocá-lo em um tanque, onde seria submetido a um processo semelhante à centrifugação. Depois, o material era novamente embalado, com novos números de lote, novas datas de fabricação e de validade. Nessa prática, podiam ser usados vários lotes do produto.


 


Na Servatis, a Anvisa apreendeu documentos em que a Basf fazia recomendações detalhadas sobre a “operação de desenvase”, processo considerado pela empresa como de rotina e dentro da lei. O documento pedia que o procedimento fosse mantido sob sigilo. Para garantir a confidencialidade, a Basf recomendava que a Servatis obrigasse “seus empregados à dissimulação, dentro das possibilidades legais, mesmo para o tempo depois de ter deixado a empresa”.


 


Diante do material encontrado, a Anvisa estendeu a fiscalização ao complexo industrial da Basf, em Guaratinguetá (SP).


 


“Essa é uma demonstração de total desrespeito às leis do País, à saúde dos consumidores e ao meio ambiente”, afirmou o diretor da Anvisa, Agenor Álvares da Silva. Segundo a Anvisa, a Basf colocou 14 lotes do agrotóxico Opera “reprocessados” sem nenhum tipo de avaliação prévia. Não havia garantias de que o produto reprocessado mantinha as qualidades do material original ou laudos comprovando que o agrotóxico poderia ser usado sem risco até a nova data de validade estampada nos rótulos.


 


Perigo


 


O uso de agrotóxico irregular, diz a Anvisa, pode aumentar riscos à saúde que já estão associados ao produto. “Eles não são uma mercadoria qualquer, têm de obedecer a rígidos padrões de qualidade. Quando isso não ocorre, os efeitos podem ser desastrosos para a saúde, o meio ambiente e a própria agricultura”, disse Agenor. Sem controle, o produto pode ter uma toxicidade em níveis intoleráveis, sem falar na possibilidade da contaminação biológica.


 


Não é a primeira vez que a Anvisa autua a Basf por irregularidades. Em 2010, a agência interditou milhares de litros de agrotóxicos, incluindo o Opera. Entre os problemas encontrados, estava o uso de ingredientes com prazo de validade vencido, sem data de fabricação ou validade.


 


Havia também dúvidas com relação ao controle de qualidade e rastreabilidade de componentes usados na formulação dos defensivos agrícolas. O processo ainda não foi concluído.


 


Na Servatis, foram interditados 6 mil quilos de produtos e componentes vencidos sem identificação, além de 100 mil litros do agrotóxico Simboll, da Consagro Agroquímica, por suspeita de contaminação biológica. A Servatis não se pronunciou.


 


A Basf foi autuada por colocar rótulos com novas datas de fabricação e de validade em produtos reprocessados. A empresa também não apresentou análise que comprove a estabilidade do novo prazo de validade do produto.


 


A Anvisa autuou também as empresas Du Pont e Arysta por irregularidades na produção de agrotóxicos. Na Du Pont foram interditados 96 mil quilos de produtos.


 


O Estado de S.Paulo, 187/08/2011.


 


Saiba mais sobre outras ações de fiscalização promovidas pela Anvisa e as irregularidades encontradas: http://pratoslimpos.org.br/?tag=fiscalizacao


 


3. Milho para etanol gera polêmica nos EUA


 


Agricultores americanos começaram a plantar a primeira cultura de milho geneticamente modificado para produzir mais etanol dentro da política dos EUA de aumentar o uso da bioenergia no país, informou o jornal britânico “Guardian”. O plantio, no entanto, já começa a gerar é polêmica, com organizações não-governamentais alertando que a nova planta pode piorar uma crise alimentar global que ganhou evidência com a fome na Somália ao desviar ainda mais milho para a produção de energia.


 


A indústria alimentícia também manifestou desagrado, já que o milho modificado, embora não seja totalmente intragável, não serve para fabricar a maioria dos produtos alimentares que normalmente usam milho em sua fórmula. Além disso, fazendeiros que plantam milho para consumo humano estão preocupados com a possível contaminação de suas lavouras.


 


O milho desenvolvido pela empresa suíça de pesticidas Syngenta contém um gene a mais para a produção de uma enzima, a amilase, que acelera a quebra de seus aminoácidos em etanol. As usinas de álcool geralmente têm que adicionar a enzima ao milho para fabricar o etanol.


 


Batizado Enogen, o milho modificado está sendo plantado comercialmente pela primeira vez em cerca de 5 mil acres de terra nos limites do chamado “cinturão do milho americano” no estado de Kansas após aprovação pelo Departamento de Agricultura dos EUA em fevereiro último. Em seu material promocional, a Syngenta afirma que ele permite aos fazendeiros produzir mais etanol com menor uso de energia e água.


 


O Globo, 16/08/2011.


 


4. Ciência engajada, entrevista com a Dra. Raquel Rigotto, da Universidade Federal do Ceará


 


A entrevista foi publicada na revista Universidade Pública, da Universidade Federal do Ceará e pode ser lida na páginahttp://www.ufc.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=11196&Itemid=86