CAICs: sem função definida, destruídos e abandonados

Precisa de reparos, reformas e até mesmo construções para continuar de pé. Pixações, infiltrações, pisos e paredes quebrados são alguns dos problemas enfrentados por alunos e professores.


CAIC de Santo Antônio/RN
De longe, eles chamam atenção. O teto dos ginásios em formato de "v" invertido e a faixada que lembra uma colmeia se destacam entre as demais construções. Os prédios largos com dois andares compõe o visual imponente. Porém, basta um olhar mais de perto, para constatar que a maioria dos Centros de Atenção Integrada à Criança (CAICs) existentes no Rio Grande do Norte precisa de reparos, reformas e até mesmo construções para continuar de pé. Pixações, infiltrações, pisos e paredes quebrados são alguns dos problemas enfrentados por alunos e professores. No Estado, existem 14 unidades de CAICs que foram construídos pelo Governo Federal no período de 1993 a 1994. Em 2003, a então governadora Wilma de Faria solicitou a transferência para o patrimônio do Estado. Até hoje, alguns processos não foram finalizados e o CAIC de Caraúbas, por exemplo, está completamente abandonado e destruído. Das demais unidades, apenas uma - localizada no bairro Planalto, em Natal - pertence à prefeitura da capital. Os problemas se espalham em todas as unidades onde funcionam escolas estaduais que geralmente oferecem o Ensino de Jovens e Adultos (Eja). No CAIC de Assu, onde funcionava a Escola Estadual Poeta Renato Caldas, foi preciso a intervenção do Corpo de Bombeiros. Desde junho, o prédio está fechado pois não há condições de uso. O risco de desabamento das estruturas de ferro e concreto, além da falta de material de prevenção contra incêndio foram os motivos para a interdição do local. A escola funciona em outro prédio alugado. 

Em Macaíba, o CAIC abriga a Escola Estadual Deputado Jessé Pinto Freire que funciona de manhã e à tarde. Logo na entrada, é possível verificar alguns problemas. Os portões estão enferrujados e há lixo espalhado no chão. Ao lado do ginásio de esportes, uma estrutura de metal também enferrujada ocupa o lugar onde deveria existir um hidrômetro. Os vestiários e banheiros do ginásio estão em péssimas condições. Os sinais de vandalismo e depredação estão em todas as partes. O cenário é ainda pior no CAIC de Parnamirim. Paredes ameaçam cair e um lado da quadra de esportes já desabou. O piso quebrado dos corredores e áreas de circulação, comprometem a segurança de alunos, professores e visitantes. Lá, funciona a Escola Estadual Arnaldo Arsênio de Azevedo. Há menos de um mês, um aluno do 7º ano perdeu a visão em um olho quando um arame que era usado como cadeado no portão da quadra se desprendeu e perfurou seu olho direito. 

Em Caraúbas, a situação é ainda pior. O CAIC do município nunca funcionou como escola estadual e a estrutura está abandonada desde 2003. O Ministério Público Federal está ciente da situação e abriu um inquérito para apurar as responsabilidades dos gestores. A chefe do setor de Assessoria Técnica e de Planejamento (ATP) da secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seec), Elisabete Barbosa de Lima, informou que a Seec tem conhecimento dos problemas enfrentados pelos CAICs, porém, o processo de doação das unidades ainda não foi concluído, o que, segundo a assessora, atrapalha os trabalhos. "Estamos ainda com o processo de doação do Patrimônio da União para o Governo do Estado", disse. 

Fonte: Tribuna do Norte