Tsunami no Japão provoca medo nos paraibanos que moram no litoral; risco existe?



O terremoto de 8,9 graus na escala Richter que sacudiu onordeste do Japão nesta sexta-feira gerou um tsunami que alcançou áreas dacidade de Sendai, onde imagens da emissora de TV local mostram que a águaarrastou carros e atingiu edifícios.

O Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, dos EUA, emitiuum alerta que vale para toda a costa do Atlântico, exceto para as partescontinentais de EUA e Canadaá, em decorrência do forte tremor que abalou acosta do Japão nesta sexta-feira (11). O alerta inclui o Havaí e vai do México até as costas daAmérica Central e América do sul, disse o centro.

O alerta vale para os seguintes países: Japão, Rússia, IlhasMarcus, Ilhas Marianas do Norte, Guam, Ilhas Wake, Taiwan, Yap, Filipinas,Ilhas MArshall, Belau, Ilhas Midway, Pohnpei, Chuuk, Kosrae, Indonésia,Papua-Nova Guiné, Nauru, Ilhas Johnston, Ilhas Salomão, Kiribati,Howland-baker, Havaí, Tuvalu, Ilhas Palmyra, Vanuatu, Tokelau, Ilhas Jarvis,Wallis-futuna, Samoa, Samoa Americana, Ilhas Cook, Niue, Fiji, Nova Caledônia,Tonga, Mexico, Ilhas Kermadec, Polinésia Francesa, Pitcairn, Guatemala, ElSalvador, Costa Rica, Nicarágua, Antártica, Panamá, Honduras, Chile, Equador,Colômbia e Peru.

Risco para o Brasil é mínimo, mas existe.
Onda gigante devastaria cidades costeiras da Paraíba,invadindo lugares com até 10 km de distância do litoral. Os autores da idéiasão os geofísicos Steven Ward (Universidade da Califórnia em Santa Cruz) eSimon Day (University College de Londres). Eles publicaram em 2001 no periódico"Geophysical Research Letters" uma simulação mostrando o queaconteceria se entrasse em colapso uma parte do vulcão Cumbre Vieja, noarquipélago das Canárias, a menos de 200 km da costa noroeste da África.

Uma avalanche de 500 km3 de terreno dentro do oceanoelevaria a água cerca de 900 m, concluíram os computadores de Ward e Day. Aoscilação se propagaria em ondas sucessivas, cada vez menores, por todo oAtlântico. Fora as ilhas, o primeiro estrago seria sentido uma hora depois nacosta africana, com tsunamis de 50-100 m.


No que toca ao Brasil, o estrago ocorreria seis horas depoisdo colapso do vulcão. Iria de Fernando de Noronha e da Paraíbaaté o Amapá. Ondas de 4 m a 18 m se abateriam sobre capitais comoFortaleza, Natal, João Pessoa e São Luís. Vários pesquisadores brasileirosconheciam a pesquisa de Ward e Day e a mencionaram logo após a tragédia naÁsia. Um dos primeiros foi o físico Celso Pinto de Melo, da UniversidadeFederal de Pernambuco, que escreveu um artigo para o informativo "Jornalda Ciência".

Melo afirmava no texto que as probabilidades de um eventodesses seriam "minúsculas", mas que, na escala geológica de tempo(milhões de anos), até as coisas mais improváveis acabam acontecendo. Lembrouque a vila de São Vicente, no litoral paulista, foi assolada em 1542, poucoapós sua fundação, por ondas que se supõe tenham alcançado 8 m de altura eavançado 150 m terra adentro.

Um dos poucos cientistas interessados em tsunamis no Brasilé o geofísico peruano Jesús Berrocal, 66, do Instituto de Astronomia, Geofísicae Ciências Atmosféricas da USP. Ele está preparando para as usinas nucleares deAngra dos Reis (RJ) um estudo sobre o risco de tsunamis na costa leste doBrasil e agora foi convidado a apressá-lo.

Além disso, vai participar em Portugal de um evento emmemória dos 250 anos do terremoto de 1755 em Lisboa, em que a maioria dasmortes teria sido causada pela onda gigante que se seguiu -o único grandeexemplo de tsunami no Atlântico. Segundo Berrocal, o risco de uma tsunami noBrasil "é muito pequeno, mas não é zero".

O fato é que os tsunamis são muito raros no Atlântico, pois80% delas ocorrem no Pacífico. Os dados indicam que ondas acima de 7,5 mocorrem a intervalos médios de 15 anos, segundo informou o sítionews@nature.com. Segundo o Centro Benfield de Pesquisa de Riscos de Londres,ondas de 10 m ou mais ocorrem só a cada mil anos no Atlântico Norte, no Caribee no Índico (onde ocorreu a tragédia). O tempo cai para 250 anos no caso doAlasca e da costa pacífica da América do Sul, e 200 anos, no do Havaí.
O maior tsunami de que se tem notícia também atingiu oBrasil, com ondas de 20 metros de altura arrasando o litoral do Nordeste.Felizmente não havia nenhum ser humano por lá: a tragédia ocorreu há 65 milhõesde anos, no final da era dos dinossauros. Sua única memória está guardada em umparedão de calcário no litoral de Pernambuco, que seu descobridor quer verpreservado como monumento geológico nacional.
O megatsunami foi um dos efeitos imediatos da queda doasteróide que eliminou os dinossauros e mais metade da vida no planeta,encerrando a chamada Era Mesozóica e o reinado dos grandes répteis sobre aTerra.

No Brasil ele até que foi suave. Mas, nas imediações dolocal do impacto, a península de Yucatán, no México, formaram-se ondas de até 1quilômetro de altura, que destruíram completamente o Haiti e partes do litoralmexicano e norte-americano. O cataclismo foi tão grave –estima-se que o impactotenha liberado, instantaneamente, uma energia equivalente a 10 mil vezes aexplosão de todo o arsenal nuclear do planeta– que mudou a geologia docontinente. Os escombros do maremoto foram preservados nas rochas da regiãoafetada, o que tornou possível aos cientistas estabelecer o local da queda, acratera de Chicxulub.
Mas um tsunami como o da Ásia é quase impossível deacontecer por aqui. Lá, a seqüência de ondas gigantes foi resultado de umterremoto provocado pelo movimento das placas tectônicas Australiana eEurasiana. As placas tectônicas, encaixadas como num gigantesco quebra-cabeça,formam um manto sobre o magma, a camada do centro da Terra composta por rochasem estado fluido.

Quando uma dessas placas raspa ou se encosta em outra, nóssentimos tremores nos continentes. Se isso ocorre no fundo do mar, a energialiberada forma uma onda, que vai se propagando até atingir terra firme. Foiexatamente o que ocorreu no sul da Ásia. “Já o Brasil, para nossa sorte, estálocalizado bem no centro de uma placa e, mesmo quando ela se move, provocaapenas abalos de pouca intensidade”, diz o professor de engenharia oceânica daUFRJ Paulo Cesar Rosman.

Acontece que terremotos no fundo do mar não são a únicarazão para o surgimento de um tsunami. Quedas de meteoros e erupções vulcânicastambém podem gerar ondas gigantes. Nesses casos, a força do tsunami depende dotamanho do material que é arremessado ao mar. Se você acha que escapamos maisuma vez, engana-se. O pesquisador Steven Ward, da Universidade da Califórnia, éautor de um estudo sobre o impacto que uma erupção do vulcão Cumbre Viejapoderia causar nas Américas. O vulcão está localizado na ilha La Palma, noarquipélago das Ilhas Canárias, perto da costa africana.

De acordo com Ward, uma próxima erupção pode fazer parte dailha deslizar e cair no mar. Essa queda produziria uma energia tão grande que,em poucas horas, ondas gigantescas se formariam e destruiriam várias ilhas doCaribe, alguns estados americanos e o Norte e Nordeste brasileiros. “Ninguémsabe ao certo quando o Cumbre Vieja pode entrar em erupção”, diz o pesquisadoramericano. “Ele entrou em colapso há 550 mil anos.

Desde então, reconstruiu-se e pode estar voltando novamenteao fim de seu ciclo.” Como o Brasil não tem sistema de alarme de tsunami,moradores e turistas seriam pegos de surpresa, repetindo as cenas trágicas queaconteceram no último ano na Ásia. Nem tão fantástico. O geofísico Steven Ward acredita que um tsunami pode,sim,chegar ao Brasil

1. Pontapé inicial
Uma erupção do vulcão Cumbre Vieja, na ilha La Palma,jogaria no mar um pedaço de terra com 500 km3.
A queda provocaria a formação deondas gigantes

2. Comprida para danar
O intervalo entre uma onda e outra seria de apenas 10minutos. Logo que começassem a se formar, cada uma delas teria 120 quilômetrosde comprimento

3. Primeiro alvo
Em apenas 1 hora, as ondas chegariam a uma velocidade de 720km/h e atingiriam a costa do Marrocos com elevações de 100 metros

4. Reta final
Enquanto viajam pelo mar, as ondas perdem velocidade e ficammenores em comprimento. Já a altura cresce à medida que elas se aproximam dacosta
Nossos cartões-postais seriam bem diferentes

A. Belém - Embaixo d’água
As ondas seriam fatais para cidades baixas, como a capitaldo Pará. “A parte mais alta de Belém tem só 30 metros de altura. O famosoMercado Ver-O-Peso, por exemplo, ficaria encoberto por água”, diz José GeraldoAlves, do centro de geociências da Universidade Federal do Pará

B. Jericoacoara - Adeus às dunas
As ondas arrastariam estruturas sem raízes fixas, comobancos de areia. Uma energia tão grande quanto a de um tsunami faria em minutoso trabalho de anos do vento e é bem possível que as dunas fossem varridas domapa

C. Fernando de Noronha - Matança animal
A vida marinha no arquipélago, atingido em cheio, seriamuito afetada. O impacto da água poderia destruir os corais e, com isso,modificar todo o ecossistema. Dezenas de espécies de animais poderiam morrer.Entre eles, muitos golfinhos, símbolos do local

D. Porto de Cabedelo, Hotel Tambaú e Estação Ciência
Os primeiros lugares que registraria o impacto devastador daonda gigante, seria as construções do Porto de Cabedelo, Moinho Dias Branco, HotelTambaú e Estação Ciência, Cultura e Artes.
Sem Disney World



O Brasil não será a única vítima das ondas gigantes nasAméricas. O tsunami também pode levar à destruição das ilhas caribenhas e dealguns estados americanos, como a Geórgia e a Flórida, que serão atingidos novehoras após o início do tsunami. Destruição nacional. As ondas que atingiriam o Norte e o Nordeste teriam 20metros de altura e 6 quilômetros de comprimento. “Elas levarão tudo o queestiver perto da costa. Em locais onde a topografia é baixa, podem alcançar até10 quilômetros território adentro”, diz Steven Ward

Fonte: ClikPB